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sexta-feira, julho 22, 2005
Nelson Jobim, o sr. Habeas Corpus, é do PMDB, aliado de Lula? 

http://jbonline.terra.com.br/jb/papel/brasilia/2005/07/12/jorbrs20050712014.html

Quo Vadis, PT?



David Fleischer


Diretor da Faculdade de Ciências Sociais e Políticas no UniDF.

Para onde vai o PT? Como que o presidente Lula vai sair desta grande encrenca? Estas são indagações de militantes petistas (perplexos), gente que votou no PT em 2002 e 2004 (confusos), e o povo brasileiro em geral (decepcionado). ''Tudo isto parece um pesadelo'' afirmou o presidente Lula na tarde do dia 8, depois que o José Adalberto Vieira da Silva, assessor do deputado José Nobre Guimarães (PT-CE) - irmão do presidente Nacional do PT, José Genuíno - foi preso no aeroporto de Congonhas embarcando para Fortaleza com R$ 200 mil numa maleta (outro ''homem da mala'') e ainda US$ 100 mil escondidos na cueca. No dia seguinte, figurou na primeira página dos jornais uma foto com pilhas deste dinheiro em cima de uma mesa. Este último episódio faz parte de uma seqüência aparentemente sem fim de escândalos e eventos mal explicados desde os meados de maio com as revelações do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) que abalaram o prestígio e o conceito popular do presidente. Lula e o seu PT - partido que sempre combateu a corrupção e a improbidade administrativa, e primava pela ética pública.

Parece-nos que as raízes deste pesadelo não são novas por serem ligadas ao nosso sistema de presidencialismo de coalizão, cujos traços mais importantes são: 1) fisiologismo político (uns 30 mil cargos federais de livre nomeação pelo presidente e um orçamento ''autorizativo''); 2) eleição proporcional com lista aberta, que individualiza as campanhas para deputados que gastam grandes somas de dinheiro; 3) 90% do financiamento das eleições são provenientes do ''caixa dois''; 4) o ''aparelhamento'' de órgãos públicos com militantes do PT a partir de 2003; 5) a ''migração'' facilitada de deputados de um partido para outro; e 6) uma total falta de fidelidade política.

Se nas próximas semanas o presidente Lula não conseguir dar a volta por cima e reassumir o controle desta situação com uma boa ''faxina'' no seu ministério, no PT, nas empresas estatais e nos fundos de pensão, melhor seria abrir mão da sua reeleição em 2006 e concentrar num bom desempenho no que restou do seu mandato e tentar realizar uma ''agenda positiva''. Vislumbramos nesta conjuntura quatro possíveis cenários para o presidente Lula e o PT em 2005 e 2006, a saber:

1) empurrar com a barriga - Lula continua sendo o ''Presidente Teflon'' [nada gruda nele]. O PT realiza uma grande ''faxina'' na sua executiva e o grupo que apoia Lula continua dominante. O presidente efetua uma ampla reforma ministerial, nas estatais e nos fundos de pensão, e consegue impor uma ''agenda positiva''. As CPIs cassam alguns deputados mas Lula é poupado. O PT articula uma aliança para 2006 e Lula se reelege no segundo turno. Probabilidade - 20%

2) problemas sérios - As CPIs descobrem o envolvimento grave de companheiros muito ligados a Lula em todos os escândalos. A classe política perde o controle da situação e a imprensa lidera as investigações. A agenda legislativa de Lula fica paralisada e o Campo Majoritário perde o controle do PT para as outras tendências mais a Esquerda. Apoio do PMDB se torna ''problemático''. Lula ainda fica ''descolado'' dos escândalos e consegue manter a sua candidatura à reeleição, mas perde no segundo turno para uma aliança centrista liderada pelo PSDB, talvez aliado ao PMDB. Probabilidade - 40%

3) Lula renuncia à reeleição - Para evitar uma total paralisia do fim do seu governo e tentar eleger um candidato do PT em outubro de 2006, Lula renuncia a sua candidatura à reeleição, sendo que os seus índices de aprovação nas pesquisas desabam e a sua reeleição não é mais viável. O PT consegue uma aliança eleitoral com o PMDB numa tentativa de se manter no poder. O PMDB escolhe o ministro Nelson Jobim do STF como candidato a vice. O candidato do PT seria o ministro Antônio Palocci que não foi atingido pelos escândalos de 2005, apesar de dúvidas sobre a sua gestão como prefeito de Ribeirão Preto, SP. Esta ''dobradinha'' poderia ganhar no segundo turno. Frente esta chapa ''forte'', as chances do PSDB seriam reduzidas e a ''aventura Garotinho'' afastada. Probabilidade(s): Renúncia da Candidatura - 30%; Êxito desta dupla PT-PMDB - 60%.

4) Lula renuncia ao mandato - As CPIs descobrem o envolvimento direto de Lula ou seus familiares nos escândalos de corrupção. A possibilidade de impeachment ganha força e Lula renuncia ao mandato. Assim, repete o cenário de 1992 e o vice-presidente José Alencar (PL-MG) assume o restante do mandato - e teoricamente poderia tentar a reeleição em outubro de 2006. Este cenário prevê um remanejamento total do governo e o ministério, talvez incluísse o Ministro Palocci, e uma intervenção brutal sobre o Selic. Este cenário provoca calafrios na Oposição (PSDB e PFL) e principalmente no setor privado. Se Alencar não tentar a reeleição, abriria chances para um candidato ''populista'' como Anthony Garotinho. Lembre-se que o PL está sendo acusado de participar do ''mensalão'' e outros esquemas. Probabilidade - 10%

Finalmente, observamos que os cenários 3) e 4) podem ser afetados pelas articulações do PSDB em favor de uma PEC para acabar com a reeleição já em 2006 que propiciaria a Lula uma saída ''elegante'', no caso 3). Porém, este ''casuísmo'' teria que estar publicado no D.O. até 30 de setembro de 2005 para poder vigorar em 2006.




# escrito por Kodai : 7/22/2005 01:57:00 AM   

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