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Registros do IRB flagram visitas de Janene
"Não me lembro de ter ido lá", diz líder do PP na Câmara, que exerceu influência em nomeações e é acusado de operar o "mensalão"
20/06/2005
"Deputado Janene + 03". Desta forma, resumida, a recepcionista do andar da direção do IRB registrou a entrada do líder do PP na Câmara, deputado federal José Janene (PR), no andar da diretoria da estatal, no dia 10 de janeiro, para uma reunião com o então diretor Luiz Eduardo Lucena, da área de Riscos de Propriedade. Os acompanhantes do parlamentar não foram identificados.
Janene é tido pelo mercado segurador como um político que teve influência no IRB igual ou maior do que a exercida por Roberto Jefferson.
É atribuída ao deputado a indicação de Lucena, em 2003, para a diretoria Comercial, (o nome da diretoria mudou no final do ano passado), enquanto o PTB indicou o ex-presidente Lídio Duarte.
Até o ano passado, cabia, principalmente, a Lucena e a Lídio Duarte indicar os corretores para intermediar a colocação de resseguros no exterior.
O Ministério Público Federal, no Rio de Janeiro, investiga a suspeita de que tenha havido corrupção na estatal, onde PTB e PP entraram em choque.
Procurado pela Folha, o líder do PP procurou minimizar a importância da visita. "Não me lembro de ter ido lá. Devo ter ido, mas nada que não seja institucional", afirmou. Ele disse não se recordar das pessoas que o acompanharam na ida à estatal.
Reportagem da revista "Veja" do mês passado afirmou que o deputado federal e presidente licenciado do PTB, Roberto Jefferson (RJ), exigia uma contribuição de R$ 400 mil por mês de Lídio Duarte, ex-presidente do IRB, dinheiro que viria de contratos negociados pela estatal.
Pedidos de emprego
A Folha pesquisou os registros de todas as visitas à diretoria do IRB entre os dias 5 de janeiro e 8 deste mês junho, quando os diretores da última administração deixaram a empresa. Não há identificação das visitas em período anterior.
Os deputados federais Sandro Matos e Eliane Costa, ambos do PTB fluminense, estiveram com o ex-presidente do IRB Luiz Appolonio. Matos esteve três vezes na presidência da estatal (11 e 14 de abril e 10 de maio). Eliane Costa foi uma vez, em 28 de abril.
Sandro Matos disse que pediu o encontro com Appolonio (que assumira a presidência no final de março) porque "nunca tinha ouvido falar" no IRB e queria conhecer os espaços políticos que o partido tinha.
O deputado que os dois primeiros encontros foram para entender o papel da estatal. No terceiro, pediu emprego para "pessoas qualificadas"que o seguem.
Eliane Costa disse que foi conhecer Appolonio. "Quando Martinez (José Carlos Martinez, presidente do PTB morto em um acidente de avião em 2003) era presidente, apresentava as pessoas na casas dele. Fui realmente só para conhecer", sustentou a deputada.
Já a versão de Appolonio Neto é de que os dois deputados o procuraram para tentar empregar pessoas no IRB. "Foram perguntar se tinha condição de indicarem funcionários para o IRB. Eu disse que não, que só por concurso público. Sandro Matos não se conformou e voltou mais duas vezes", diz o ex-presidente, que nega ter sido indicado pelo PTB. "Quem me indicou foi o ministro Palocci", diz.
Os registros feitos pela recepção da diretoria do IRB, que fica no 8º andar, não têm padronização. Alguns funcionários anotam apenas o nome do visitante. Há casos de anotação só do apelido, o dificulta uma indicação mais precisa.
A portaria não registra os convidados da diretoria. Os boletos da portaria com os nomes dos demais visitantes são destruídos a cada dois meses.
ELVIRA LOBATO
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No Paraná, relação com PT é antiga
As relações entre o deputado federal José Janene (PP) e o PT paranaense é antiga. Vêm desde 1992, quando o irmão de Janene, Assad Jannani (então no PDT), foi vice na chapa do petista Luís Eduardo Cheida, vencendo as eleições municipais de Londrina.
Vice-prefeito, Jannani assumiu a presidência da Sercomtel, empresa municipal de telefonia. Janene tinha influência na indicação de diretores da empresa.
No final do governo Cheida, houve um racha no PT e o candidato do partido foi o atual ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Janene apoiou Antônio Belinati, que foi eleito pelo PFL.
Em 98, PT e Janene voltaram a estar juntos. Apurando denúncias de corrupção no governo de Belinati, a Promotoria apreendeu com Carlos Zaverucha, tesoureiro pessoal de Belinati, uma caderneta que ficou conhecida como a "lista do Zaverucha".
Nela havia registros de doações para as campanhas de deputados. Petistas como André Vargas e Paulo Bernardo, além da mulher de Janene, Fernanda, apareciam como beneficiários do esquema.
Ambos os petistas afirmaram não saber que o dinheiro que Belinati gastou na dobradinha PT-PSB para deputado tinha origem ilegal. Janene negou que sua mulher tenha recebido dinheiro da caderneta de Zaverucha.
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Genro de Jefferson também esteve na direção da empresa
A recepção da diretoria do IRB registrou três visitas do genro do deputado Roberto Jefferson, Marcus Vinicius Vasconcelos Ferreira, ao ex-diretor Carlos Murilo Barbosa Lima, responsável pelas áreas de Riscos de Transporte e de Sinistros, entre 2 de 12 de maio.
Os registros reforçam a suspeita de que ele seria uma ponte entre o PTB e empresas estatais nas quais o partido tinha cargo de direção. Em uma das visitas, no dia 5 de maio, consta que Ferreira estava acompanhado do corretor de seguros Henrique Brandão, da Assurê, que, de acordo com a revista "Veja" teria cobrado do ex-presidente do IRB Lídio Duarte uma mesada mensal de R$ 400 mil para o PTB.
Ferreira foi assessor da diretoria de Planejamento, Gestão e Meio Ambiente de uma outra estatal, a Eletronuclear (subsidiária da Eletrobrás), até dez dias atrás. A função não tinha relação com a contratação de seguro (a cargo da diretoria Financeira). Portanto, não justificaria as idas ao IRB.
Pelos registros do IRB, o ex-diretor Carlos Murilo (que chegou ao cargo por indicação do senador Edison Lobão, PFL-MA) recebeu Henrique Brandão e o diretor executivo da Assurê Internacional, Sérgio Viola, no dia 20 de abril. No dia 2 de Maio, Marcus Vinicius Ferreira foi sozinho visitá-lo. Três dias depois, ele voltou a encontrá-lo, desta vez em companhia de Brandão. No dia 12 de maio, Ferreira voltou sozinho.
O genro de Roberto Jefferson e o ex-diretor do IRB entraram em contradição ao serem questionados sobre os encontros, pela Folha. Ferreira admitiu ter tido três reuniões com o ex-diretor, mas negou que o corretor Henrique Brandão estivesse presente em alguma delas. Já o ex-diretor negou ter tido qualquer encontro com o genro do presidente licenciado do PTB.
"Se estão na agenda da recepção deve haver alguma explicação. Ele pode ter ido me procurar e não ter conseguido falar comigo. A portaria encaminha os visitantes para o andar mesmo quando o diretor está fora", afirmou o ex-diretor. Ele disse não conhecer Ferreira.
Já Ferreira apresentou uma história completamente diferente. Disse que se reuniu com Murilo Barbosa Lima atendendo a um pedido de um amigo, do qual se lembrava apenas do primeiro nome, Steve. Segundo ele, o amigo tinha um projeto de lançamento de CDs de música instrumental e lhe pediu para ajudar a obter patrocínio do IRB. Segundo Ferreira, o pedido não foi atendido por causa da greve dos funcionários do Ministério da Cultura. Em depoimento no Ministério Público Federal, em 24 de maio, Roberto Jefferson disse que o genro trabalhou como corretor da Assurê e que possuía ""relações comerciais" com Brandão até aquela data. Informou ainda que mantém relacionamento pessoal com Brandão há mais de 30 anos;
O nome de Marcus Vinicius Ferreira veio à tona após a divulgação das fitas gravadas nos Correios. Ele foi apontado por Maurício Marinho -ex-chefe de departamento flagrado recebendo R$ 3.000 de supostos empresários- como um dos contatos do PTB na estatal.
Fonte: Folha de S. Paulo
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http://www.jornaldoestado.com.br/050418/politica/politica001.htm
José Janene (PP)
Inquérito 2192 – Crime contra o patrimônio, estelionato, fraude em seguro
Inquérito 2083 – Crime contra a fé pública, falsidade de documentos
Inquérito 2103 – Crime contra a administração pública, desvio de verbas, organização criminosa, lavagem de dinheiro
Inquérito 2105 – Crime contra a administração pública, corrupção passiva
Inquérito 2140 – Crime contra a administração pública, licitação pública, irregularidades
# escrito por Kodai : 7/09/2005 06:12:00 PM


