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11/08/2005 - 18h57m
Erundina diz que PT tentava aparelhar Estado desde sua gestão na prefeitura de SP
Globo Online
BRASÍLIA - A ex-prefeita de São Paulo e hoje deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP), eleita pelo PT em 1989 para administrar a maior capital do país, afirma que na época sofreu muita pressão do partido para aparelhar a prefeitura. Ela relata que dirigentes do PT tentavam assumir a condição reservada aos candidatos eleitos e queriam administrar as prefeituras conquistadas nas eleições. Na opinião dela, esse tipo de aparelhamento atenta contra a República.
- Já havia uma forte tendência não só no meu governo mas dentro de outros governos do PT - na época eram só governos municipais - de aparelhamento do Estado em relação ao partido, numa interferência excessiva do partido dentro da prefeitura. Mas quem se elege não é o partido. Quem se elege é alguém do partido, mas que depois de eleito é o prefeito daquela cidade. Então, uma das dificuldades que eu enfrentei e outros prefeitos também enfrentaram na mesma época era uma interferência indevida. O excesso de tentativa do partido de substituir a competência que cabe a quem se elege e o risco de confundir partido e governo. Isso é um aparelhamento perigoso que atenta contra a República. Já acontecia em outros partidos, inclusive, no PT, nas gestões municipais que o partido conquistou - afirma.
Segundo Erundina, a credibilidade e a legitimidade do Congresso estão comprometidos com a crise política que envolve também o governo. Com a autoridade de quem ajudou a fundar o PT, Erundina considera que, além de se perder em relação aos princípios que formaram a base do partido, dirigentes do PT mentiram aos brasileiros.
- Posso dizer que os maiores dirigentes desse partido mentiram para a sociedade e por isso o partido se afastou das suas origens, da sua história. Ao assumir o governo, o partido perdeu o contato com as bases sociais que o PT construiu ao longo de sua história - diz.
Para a ex-petista, denúncias como a do esquema do mensalão comprometem a democracia e o modelo de esquerda precisa ser repensado no Brasil. Erundina defende a continuação das investigações, mas quer que uma assembléia constituinte extraordinária com a participação da sociedade civil organizada seja formada para garantir uma reforma constitucional e para a votação de projetos importantes para o Brasil.
- Veja bem uma coisa: se houvesse minimamente credibilidade e legitimidade deste Congresso, o próprio Congresso poderia fazer um acordo com oposição e situação para propor uma reforma constitucional que encaminhasse algumas modificações que corrigissem as distorções que levam a esses desmandos éticos morais. Sobretudo, nos processos eleitorais e na relação também do Executivo e do Legislativo, que é uma relação promíscua, que não se dá nem de forma ética e nem transparente - afirma.
# escrito por Kodai : 8/12/2005 02:10:00 AM
