Ricardo Linhares é autor de novelas
Rio - Vou na contramão do politicamente correto. A meia-entrada é um acinte. A lei que a instituiu é demagógica, falha na fiscalização de abusos e excludente, pois afasta grande parte do público, que não tem condições financeiras de pagar a irreal entrada inteira. Na prática, os produtores já assumiram que o ingresso real é o valor da meia-entrada.
Nos teatros da Broadway não há meia-entrada. Alguém pode trapacear alegando que a meia-entrada favorece o acesso de mais pessoas aos eventos culturais. Mas show de Rod Stewart é nulo culturalmente. Em museus e exposições, é válido. Mas por que há meia-entrada para entretenimento? Quem paga a diferença entre a inteira e a meia somos nós, que não somos idosos, estudantes nem temos carteira escolar falsificada.
O valor do ingresso deve ser justo e real, de acordo com os custos. O mundo do espetáculo tem que ser regido pela lei que rege todo negócio: oferta e procura. Se o preço é abusivo, o público boicota. Se é justo, aflui. Isso é democracia. Mas no Rio não é assim.
A lei da meia-entrada pune cidadãos honestos e favorece os fraudulentos, que possuem falsas carteiras de estudante. Esses mesmos indivíduos cobram moralidade e reclamam da roubalheira de cartões corporativos. Cadê a ética dos cariocas?
É isso mesmo.
Como a maioria paga a meia-entrada, a entrada dobra de preço. E o povinho burro acha vantagem pagar R$ 8 num cinema de R$ 16 com uma carteirinha, e não pensa que o preço normal seria R$ 8 e o preço de R$ 16 é abusivo.
É só ver que se o preço fosse mesmo de R$ 16, os cinemas não poderiam sobreviver com o ingresso de R$ 8 pago pela maioria. E sendo assim, quem é perjudicado é o cidadão comum, que não é estudante e tem que pagar o dobro do preço ou obter vantagem com uma carteirinha falsa, que quem quer consegue fazer facilmente.
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# escrito por Kodai : 3/13/2008 03:27:00 PM


